quarta-feira, 31 de julho de 2013

CABRAL VAI CEDER TRÊS HELICÓPTEROS PARA A PM, POLÍCIA CIVIL E BOMBEIROS

Da Época (aqui):
LEOPOLDO MATEUS
31/07/2013 20h24 - Atualizado em 31/07/2013 20h37



Acuado pela onda de protestos que tomou conta da zona sul do Rio de Janeiro, o governador Sérgio Cabral (PMDB), afirmou com exclusividade a ÉPOCA que irá abrir mão de três dos sete helicópteros usados pelo governo do Estado. “Em primeira mão, confirmo a passagem de um helicóptero para o Corpo de Bombeiros. Vou passar também um helicóptero, que era usado pelos secretários, para a Polícia Civil e um terceiro para Polícia Militar”, disse. A decisão ocorre após a divulgação, no começo do mês, de que o governador fazia uso de um dos sete helicópteros para passar os fins de semana com a família em sua casa de praia, em Mangaratiba, no interior do Rio. O episódio agravou a crise enfrentada por Cabral. 


Cabral ainda afirmou também que fará um decreto para regular o uso dos helicópteros do Governo. “Vamos também fazer um decreto regularizando o uso dos helicópteros, baseado no de Minas, de 2005, no do governo federal, de 1999, e no governo do Pará, de 2011, que foram os únicos três que encontramos”. Segundo a mais recente pesquisa do Ibope, Cabral tem a pior avaliação entre 11 governadores pesquisados.

O governador também falou sobre política. Disse que seu candidato a governador é, definitivamente, o vice-governador Luiz Fernando Pezão, e que não trabalha com a hipótese de a presidente Dilma ter dois palanques no Rio no ano que vem, um com Pezão e outro com o senador Lindberg Farias, pré-candidato petista. “Não trabalho com essa hipótese, porque não foi assim que construímos nossa parceria nesses anos. Foi com uma confiança recíproca, respeito recíproco, e com resultados concretos para a população do estado”.

ÉPOCA - Como o senhor avalia essa grande queda de popularidade diagnosticada nas últimas pesquisas?


Sérgio Cabral - Houve uma queda generalizada no Brasil, no momento seguinte às manifestações. Eu sempre vejo com muito respeito e humildade as pesquisas, tanto quando estou bem quanto quando estou mal. Eu sempre estive sobre avaliação popular. Temos que respeitar isso.

ÉPOCA - O senhor disse ontem que teria se distanciado um pouco da população, adotando uma postura um tanto quanto arrogante. O que o senhor pretende fazer, em termos de medidas práticas, pra tentar mudar essa situação?


Cabral - Voltar a ser o que eu sempre fui. Eu sempre fui acolhido pela população, não só na hora da avaliação popular, que é a hora da eleição. Fui o deputado mais votado do Brasil, senador mais votado do Rio, governador reeleito. A população sempre me tratou com muito respeito. Eu quero voltar a ser o que eu era. Sou uma pessoa do diálogo, busco sempre o entendimento. Houve um distanciamento. O grande ensinamento é esse, estamos em um democracia. Aqui no Governo sempre estive aberto ao dialogo e a população recebeu bem isso. O Rio é um estado onde os questionamentos, as inquietações são sempre mais acaloradas. É uma marca do Rio, sempre foi.

ÉPOCA - O senhor fez um apelo ontem para que os manifestantes deixassem a porta da casa do senhor. O senhor pretende tomar alguma atitude que vise atender a alguma reivindicação específica dos manifestantes para negociar essa saída?


Cabral - Eu já me coloquei à disposição dos que ali estão, para o diálogo. Tanto que houve uma parte que veio conversar. Estou sempre aberto, já dei essa mensagem. O que eu quis chamar atenção ali é que como presidente da Assembléia sempre trabalhei com as galerias cheias. Já fui aplaudido, já fui vaiado. Isso é do jogo político. Eu não vou me refugiar com meus filhos, é onde eu moro. Um menino de 6 anos e um de 11 anos, O que eles tem a ver com a luta política do pai? Vem pro palácio. Esse é um apelo de pai. É uma coisa física. Não é que eu queira poupar meus filhos das vitórias ou derrotas do pai deles. É uma questão física.

ÉPOCA - O senhor cogita vender alguns dos helicópteros do estado, por exemplo?


Cabral - Eu confirmo, em primeira mão, a passagem de um helicóptero para o Corpo de Bombeiros, um outro, que era usado pelos secretários, para a Polícia Civil, e de um terceiro para Polícia Militar. Vamos também fazer um decreto regularizando o uso dos helicópteros, baseado no de Minas, de 2005, no do Governo Federal, de 1999, e no Governo do Pará, de 2011, que foram os únicos três que encontramos.

ÉPOCA - Pensando no ano que vem, o candidato do senhor é definitivamente o vice-governador Pezão, ou existe a hipótese de o senhor apoiar outro nome?


Cabral - Eu não tenho a menor duvida de que o melhor nome para o Estado é o Pezão. Ele reúne em torno de si as características mais importantes para um governante. Ele é melhor do que eu. É um grande gestor, transformou Piraí em uma referencia nacional, quando foi prefeito. Foi um baita vice-governador e coordenador de infra-estrutura do Estado. O Rio hoje tem R$ 20 bilhões em obras.

ÉPOCA – Existe, para o senhor, a hipótese de Dilma ter dois palanques no Rio em 2014, um com o vice-governador Luiz Fernando Pezão(PMDB) e outro com o senador Lindberg Farias(PT), ou o senhor não trabalha com essa hipótese?


Cabral - Não trabalho com essa hipótese, porque não foi assim que construímos nossa parceria nesses anos. Foi com uma confiança recíproca, respeito recíproco, e com resultados concretos para a população do estado.

ÉPOCA - Um apoio do senhor a Lindberg Farias é completamente descartado, ou seria possível em algum contexto?


Cabral - Eu tenho o maior respeito pelo senador Lindberg, como senador que eu ajudei a eleger. Mas entendo que nós temos o direito de lançar nossa proposta à sucessão, que é o Pezão. Espero que o PT esteja junto conosco para que a gente reproduza em 2014 as duas alianças com êxito em 2010 e 2012.

ÉPOCA - Foi divulgada uma declaração recente do senhor em que o senhor teria dito que seus filhos têm Neves no sobrenome. Em caso de o PT lançar mesmo Lindberg, o senhor cogitaria apoiar Aécio no ano que vem?


Cabral - Foi uma distorção grande de alguma fonte daquela reunião. Eu sou amigo da presidenta Dilma, quero apoiar a presidenta Dilma. Eu apenas descrevi os pré-candidatos, falei que Marina estava muito forte no Rio, e fui descrevendo como via Marina, Eduardo (Campos), política de talento da minha geração, que fez um excelente governo em Pernambuco, e o Aécio que fez um excelente governo em Minas e é pré candidato do PSDB. Esse eu conheço muito, não porque fui casado com a prima dele (Susana Neves), mas porque conheço desde 1983. Eu nunca escondi para o Lula nem para Dilma minha amizade com ele. Em 2006, ele veio ao Rio apoiar o (Eduardo) Paes para governador. Em 2008, eu trouxe Eduardo para o PMDB e ele veio aqui para apoiar o (Fernando) Gabeira para prefeito. Em 2010, eu fui candidato à reeleição e ele veio aqui apoiar o Gabeira. Em 2012, ele veio apoiar o Otávio Leite (PSDB) contra o Paes. E sempre conversamos. Tenho enorme carinho pra ele e ele por mim.

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