segunda-feira, 8 de julho de 2013

SÚPLICA




SÚPLICA

Já não suporto as dores
dos meus pedaços tirados!
Já não aguento o descaso

com o meu corpo tão cansado!
Sou um prédio com esteios, 
interditado, tombado...

Tenho a vida ameaçada!
Eu não quero ter escoras.
Eu quero viver de pé,
seguindo com a minha história,
não de saudade das glórias,
de um tempo que já se foi.

Sou, historicamente,
mais um casarão “tombado”...
Por que tornaram-me assim,
se não há conservação,
se ninguém cuida de mim?
Para que ter minha guarda
se negam-me proteção?

O meu grito é sufocado
com o silêncio das paredes. 
Quero viver atuante,
continuando a abrigar
vidas que como eu
tem histórias pra contar!
Sou o Asilo do Carmo,
que suplica, chora e grita:
Sou um patrimônio de Campos,
de Campos dos Goytacazes!

Heloisa Crespo

. Versos inspirados na foto do Asilo do Carmo, no jornal Monitor Campista, de 17/09/2003

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