domingo, 5 de abril de 2015

JUSTA HOMENAGEM (2)

Da Página do radialista e ex-presidente da Fundação Trianon, Nilson Maria, no Facebook:

KAPI 
Estava fora da cidade e, por isso, não pude despedir-me do amigo Antônio Roberto Góis Cavalcante, o nosso saudoso Kapi. Gostaria, contudo, de falar algumas palavras sobre a minha convivência com ele. Aproximamo-nos quando da primeira eleição de Garotinho para a Prefeitura. À época eu era presidente da Associação das Escolas de Samba de Campos e o prefeito Garotinho "exigiu" que o primeiro carnaval sob a sua administração tivesse horários rígidos e regulamentos claros. Já naquela época os desfiles de carnaval não tinham hora para começar e para terminar. Cristina Lima, presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, chamou Kapi para o trabalho de Coordenação. Tenho certeza de que ajudei muito, pois eu também detesto atrasos e desrespeito a horários e às pessoas que chegam na hora marcada para os eventos e acabam sendo prejudicadas . Os desfiles funcionaram como um relógio suíço. Tudo dentro do horário, para espanto dos que estavam acostumados à bagunça generalizada. Neste mesmo ano -1991- fui transferido pelo Banco do Brasil para Brasília e passei a presidência da AESC, com dinheiro em caixa, diga-se. 
Anos depois, já aposentado, retornei a Campos e. entre outras funções, acabei assumindo o ônus de coordenar o Carnaval de Rua da cidade. Reclamei muito, pois afinal achava -e ainda acho- que a Fundação Trianon, que presidia à época, não deveria ter essa função e nem algumas outras -como os shows de puro entretenimento em praça pública-. 
Para fazer face ao desafio lembrei-me de Kapi e da experiência anterior vivida lá atrás e o convidei para voltar a ser o Coordenador Técnico dos desfiles. Passamos para todas as Sociedades Carnavalescas que atrasos não seriam perdoados e o regulamento seria cumprido, sem apelação. Foram três anos de desfiles sem qualquer atraso. Tivemos que cortar na própria carne. Gigantes como a minha querida União da Esperança e Os Psicodélicos foram desclassificados e rebaixados, por atraso. Ponto para Kapi. Regulamento existe para ser cumprido. 
Anos depois tive a ideia de realizar em Campos o Festival Nacional de Teatro. Imaginava promover um grande evento que, com o passar dos tempos, seria transformado em Festival Internacional de Teatro. Trouxemos nas três edições, além das peças concorrentes, grandes nomes do Teatro em todos os aspectos: Diretores como Amir Haddad, iluminadores como João Fonseca, etc., ministraram cursos inteiramente gratuitos para a classe artística local. Contra algumas mentes extremamente conservadoras e reacionárias que se opuseram ao evento, Kapi abraçou a idéia e, numa das edições, nos brindou com Os Dragões Não Conhecem o Paraíso. 
Kapi era assim. Vibrante, visionário! Muito à frente de alguns que se julgam "luminares" e conhecedores de tudo da cultura. 
Não estou em Campos e desconheço as razões pelas quais não lhe prestaram a última homenagem, velando o seu corpo no Trianon. Afinal, ele dirigiu o primeiro espetáculo em seu palco, antes mesmo da inauguração. 
Ele merecia! 
Foi pena!

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